segunda-feira, 1 de abril de 2013

Caprichos do rio Madeira II – o caso Calama

Vila Calama, localizada a margem direita do rio Madeira, continua perdendo a rua frontal, ou a rua da frente, como é conhecida. Nessa rua havia construções do período de riqueza advindo da exploração da seringa. Os casarões, as casas menores que testemunhavam a história da Vila foram uma a uma sendo demolidas.  Mentes “desavisadas” exterminaram materialmente testemunhos históricos construídos entre o último quartel do século XIX e a primeira década do século XX. Seria possível recuperar o patrimônio perdido? Penso que não se recupera algo que foi destruído, apenas se reconstroem réplicas, mesmo que em tamanho natural. Não existem mais casarões e a rua da frente está sendo engolida pelo rio Madeira.
O avanço do rio Madeira sobre Calama é um processo natural que se iniciou há pelo menos 40 anos, como descrito em Caprichos do rio Madeira, neste mesmo blog. Parece que a solução para o problema está em como conter ou pelo menos desviar a força do maior afluente do rio Amazonas acima do trecho afetado. E, o trecho afetado é a própria Vila Calama. A solução é trabalhar a montante e não apenas tentar aterrar a parte caída da rua da frente da Vila. Esta deverá ser a continuação do trabalho de recuperação.
Dois agravantes se interpõem para o início dos trabalhos de recuperação da parte que foi tomada pelas águas do Madeira. O primeiro é a forma do meandro entre a ilha de Assunção e o meandro do lado do Caraparu e a ilha que cresceu na margem oposta do rio em frente à vila. São os meandros citados que potencializam a força das águas. A ilha em frente da Vila antepara a força da água empurrando-a para o lado de Calama. O segundo agravante parece ser a embocadura do rio Machado (Ji Paraná). Quando as águas do Machado se unem com as do Madeira duplica a força da corrente. É possível que com o crescimento da ilha que está se formando logo abaixo (lado direito) da foz do Ji Paraná comece a se transformar num anteparo natural. Entretanto....
Estamos vivendo num mundo onde, pelo emprego de tecnologias é possível desviar, “barrar” importantes cursos d’água, a exemplo das hidroelétricas construídas a montante do mesmo rio Madeira.  Portanto, essa é uma tarefa político-econômica a ser encapada pelo governo do Estado de Rondônia. É uma tarefa para sofisticada engenharia e não apenas para engenheiros.

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